Previdência Privada é um bom investimento?
Descubra se previdência privada é um bom investimento e se ela é mesmo para você!
Tranquilidade financeira por toda a vida, todo mundo quer, não é verdade? Mas o que você tem feito para alcançar isso?
Uma das formas de garantir uma aposentadoria sossegada é fazendo uma previdência privada, mas será se ela é mesmo para você?
Nesta aula, vou explicar o que é, como funciona, como escolher e você vai descobrir se previdência privada é mesmo um bom investimento.
Por que esse conteúdo é importante?
O brasileiro não se prepara para a aposentadoria, costuma esperar pela previdência social, e quando ela chega, se vê tendo que continuar a trabalhar, porque a renda diminui.
E isso não tem a ver necessariamente com o padrão de renda. Quem não conhece alguém que teve uma vida com um ótimo padrão, uma carreira bem sucedida e que, após a aposentadoria, teve uma queda na sua qualidade de vida, teve que continuar a trabalhar?
Mais do que trabalhar para ter um padrão de vida que nos atenda, devemos planejar a manutenção desse padrão.
Isso porque a gente não tem a mesma capacidade produtiva durante toda a vida. A partir de uma certa idade, ela tende a decrescer, então vincular os seus rendimentos ao seu trabalho é um risco muito grande de ficar sem recursos em uma fase da vida que, normalmente, precisamos de mais assistência.
A previdência privada costuma ser uma opção de muitas pessoas, como forma de complementar a sua aposentadoria do INSS. Mas será se ela é mesmo a melhor opção?
Minha história com a previdência privada
Já vou adiantando que eu possuo previdência privada. Faço isso porque ela, de fato, é uma opção que atende a minhas necessidades e preenche os requisitos para ser um bom negócio (vou falar desses requisitos mais adiante).
No meu caso, é um plano fechado, onde meu empregador deposita o mesmo valor que eu. Outro benefício que usufruo também é a redução no valor do imposto de renda que preciso pagar.
Importante lembrar que ela é apenas um dos tipos de investimento que compõem a minha carteira, já que, como eu sempre falo, precisamos diversificar nossos investimentos e não colocar todos os ovos em uma única cesta.
O que você vai encontrar nesse texto?
- O que é e como funciona a previdência privada
- Tipos de previdência privada
- Vantagens e desvantagens da previdência privada
- Como escolher um plano de previdência
- Saiba se previdência privada é um bom investimento para você
O que é e como funciona a previdência privada
Previdência privada nada mais é do que um fundo de investimento que possui algumas particularidades em relação aos demais fundos que estão disponíveis ao público em geral nos bancos.
Vamos entender melhor essas particularidades?
EXCLUSIVIDADE
É fundo de investimento, conhecido como fundo previdenciário, exclusivo para um único investidor, ou seja, só tem um cotista.
Você pode falar: “ah, mas meu gerente já me ofereceu um plano de previdência do banco”. Isso mesmo, plano de previdência e não fundo de previdência.
O que o banco oferece é um serviço de investimento, onde seus recursos serão investidos no fundo de previdência, do qual só ele é o cotista.
Veja a figura abaixo para ficar mais claro.
Os investidores adquirem os planos de previdência do banco, que os investe no fundo previdenciário, do qual é o único cotista.
Existem empresas que disponibilizam plano de previdência apenas a seus funcionários. Nesse caso, os funcionários são os investidores e a empresa é o cotista único.
Também existem conselhos de classe que oferecem a seus inscritos, como a Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, por exemplo. Aqui os advogados são os investidores e a OAB, o cotista único.
NÃO SOFREM A INCIDÊNCIA DO COME-COTAS
Os fundos de investimento comuns sofrem a incidência de imposto de renda a cada 6 meses (em maio e novembro).
Na prática, isso interfere na rentabilidade do fundo, já que, a cada 6 meses, o patrimônio do fundo é reduzido, não havendo rendimentos sobre o valor que é debitado. Diferente de investimentos em renda fixa, que você só paga o imposto quando faz o resgate, saca o dinheiro.
Os fundos previdenciários não sofrem essa cobrança, o que é uma vantagem em relação aos demais fundos.
REGIME DE TRIBUTAÇÃO A CRITÉRIO DO INVESTIDOR
O participante do plano também pode optar pela forma que o imposto de renda irá incidir sobre seus rendimentos: tabela progressiva ou regressiva.
Progressiva é a forma tradicional – segue a tabela de imposto de renda. Quanto mais dinheiro você opta por receber no futuro, mais imposto pagará.
Por exemplo, uma pessoa que optou por receber, ao se aposentar, um benefício de R$ 1.000,00 (mil reais), estará isento do pagamento de imposto de renda, enquanto que alguém que opte por receber um benefício de R$ 5.000,00 pagará a alíquota máxima (27,5%).
Regressiva é a forma que vai diminuindo o valor da alíquota conforme o tempo que seu dinheiro fica investido, chegando a 10%, a partir de 10 anos.
Portanto, se você for investir em um plano de previdência e pretende começar a usufruir do benefício em um prazo de 10 anos ou mais e você não está nas duas primeiras faixas da tabela progressiva, a melhor opção é o regime de tributação regressivo. Caso contrário, pode ser melhor optar pelo progressivo (é necessário comparar as tabelas).
Por exemplo, se faltam apenas 3 anos para sua aposentadoria e o benefício que você espera obter é R$5.000,00 (cinco mil reais), opte pelo regime progressivo, pois você pagará uma alíquota de 27,5% ao invés de 30%.
Vou deixar aqui as tabelas com as alíquotas de cada regime, para você comparar de acordo com o seu caso.
O PARTICIPANTE DECIDE COMO QUER SACAR
Outra diferença é quanto à forma de resgate do dinheiro investido.
O participante pode optar por sacar todo o dinheiro ao se aposentar (resgatar os recursos) ou por receber um valor determinado (conversão do valor acumulado em renda), como se recebesse um salário todo mês, seja por alguns anos (renda temporária) ou até a morte (renda vitalícia).
DISPENSA DE INVENTÁRIO PARA RESGATE PELOS HERDEIROS
No caso de morte do participante, os valores que ele tiver direito podem ser recebidos pelos seus herdeiros, sem necessidade de passar por inventário, bastando apresentar a certidão de óbito e os documentos pessoais que comprovem o parentesco.
É muito interessante se você tiver filhos ou pessoas que dependam de você e quiser facilitar o acesso a parte de seus recursos, se vier a falecer.
Outra possibilidade é se você tiver um patrimônio alto ou morar em um país com impostos altos sobre herança (há países que cobram impostos de 50% sobre o patrimônio deixado) e quiser deixar alguma reserva para cobrir os custos de inventário (impostos, advogados, custas processuais e cartorárias, além dos impostos).
Tipos de previdência privada
PGBL
PGBL significa Plano Gerador de Benefício Livre, mas o que você precisa saber mesmo é que ele é indicado para pessoas que fazem a declaração completa de imposto de renda. Isso porque é possível abater o valor investido do imposto devido naquele ano, até o limite de 12%.
Por exemplo, se você investiu R$10.000,00 em um plano PGBL e o imposto devido é de R$70.000,00, você pode descontar R$8.400,00 (12% de R$70.000,00) e passar a dever R$ 61.600,00.
Essa é a modalidade que eu tenho, inclusive, pois faço a declaração completa.
Qual a desvantagem?
Ao final, no resgate, o imposto de renda irá incidir sobre todo o valor investido mais rendimentos, e não apenas sobre estes últimos, como ocorre nos demais tipos de investimentos.
VGBL
VGBL significa Vida Gerador de Benefício Livre. Neste tipo, o imposto de renda irá incidir só sobre o que rendeu (você pagará imposto só sobre os rendimentos e não sobre o valor investido).
Se você não precisa da dedução no imposto de renda, esse é o mais indicado, pois você pagará menos imposto de renda no final.
Planos Abertos
São aqueles que os bancos oferecem, que qualquer pessoa pode aderir, sem requisito prévio.
Lembra do exemplo que falei do gerente de banco? Então, são planos abertos.
São regulados pela Superintendência de Seguros Privados, a Susep, e precisam ter seu funcionamento autorizado por ela.
Você pode consultar se o plano oferecido a você é autorizado clicando aqui.
Planos Fechados
São aqueles criados por empresas ou outras entidades para atender apenas seus funcionários ou membros, ou seja, não são abertos ao público em geral.
É o caso do exemplo que citei da OAB, que oferece um plano de previdência aos advogados.
Esses planos são também conhecidos como fundos de pensão, e são regulados pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar, a Previc.
Vantagens e desvantagens da previdência privada
Vantagens
Se você tem dificuldade de poupar por conta própria, regularmente, para sua aposentadoria, a previdência privada pode estimular a criação dessa disciplina, pois costuma ser a porta de entrada para investimentos focados em objetivos de longo prazo.
Outra vantagem é que você terá um especialista administrando seu dinheiro e já sabe, no início, quanto deve receber, todos os meses, ao se aposentar (para quem não tem muita familiaridade com investimentos e cálculos, é mais uma facilidade).
Tem ainda os benefícios tributários que os planos PGBL possuem, como já expliquei, além da facilidade de saque dos recursos pelos herdeiros.
Por fim, há a possibilidade de portabilidade, ou seja, se você não estiver satisfeito com as taxas cobradas pelo seu plano, pode migrar seus recursos para outro plano que considere melhor.
Desvantagens
Não é o melhor investimento para aposentadoria (o ideal é você ter sua própria carteira, de acordo com as suas necessidades), mas acaba acomodando as pessoas, pela facilidade, que não diversificam seus investimentos.
São cobradas algumas taxas, que, dependendo do valor, podem atrapalhar bastante seus rendimentos.
Como escolher
Observe a política de investimento do fundo
Há fundos que investem em opções mais arriscadas, como ações e moedas estrangeiras, assim como existem aqueles mais conservadores, que investem em renda fixa.
O fundo que você escolher precisa estar alinhado a seu perfil de investidor, para evitar surpresas no futuro.
Analise o histórico do gestor do fundo
Procure informações sobre quem vai investir seu dinheiro, quais fundos ele administra, seus resultados nos últimos anos, seu nível de acesso aos participantes. Considere tudo isso.
Um gestor que não divulga informações de forma clara ou que não é acessível aos participantes pode dar dor de cabeça no futuro. Evite.
Verifique as taxas cobradas
Existem duas taxas que você sempre precisa observar:
A TAXA DE CARREGAMENTO vai custear todas as despesas com o plano de previdência e é descontada sobre o valor investido, a cada parcela depositada.
A TAXA DE ADMINISTRAÇÃO vai custear as despesas do fundo de previdência (administração e gestão dos investimentos), similar aos fundos de investimento e é cobrada anualmente sobre todo o patrimônio do fundo (valor investido + rendimentos).
Saiba se previdência privada é um bom investimento para você
1) Ela é uma parte do seu planejamento de independência financeira
Diversificar é a palavra chave na hora de investir, logo, se a previdência complementar é mais um dos vários investimentos que compõem a sua carteira, é muito válido, especialmente se você se beneficiar das outras vantagens, como dispensa de inventario para herdeiros e redução no imposto de renda.
Se você optar por um plano aberto, dê preferência a planos de gestores independentes (não ligados a grandes bancos), que costumam ter taxas melhores.
2 ) Quando o empregador investe uma contraparte
São os casos em que a empresa investe o mesmo valor que você investiu.
Por exemplo, se você contribui com R$100,00 reais, a empresa deposita mais R$100,00, e o valor investido, naquele mês, é de R$200,00.
Nesse exemplo, de cara, já houve um rendimento de 100%, que você dificilmente conseguiria em outros investimentos. Por isso, é uma ferramenta muito usada pelas empresas para reter seus talentos.
Se a sua empresa oferece, considere.
3) Você entrega a declaração de imposto de renda completa e quer reduzir o valor do imposto devido
Como eu falei, se você faz a declaração completa, pode ser interessante você contribuir, para ter um abatimento do imposto devido.
4) Você quer deixar recursos de fácil acesso a seus herdeiros ou para cobrir custos com inventário
Como os recursos da previdência privada não precisam passar por inventário, pode ser interessante se você tem pessoas que dependam financeiramente de você.
Ah, mas eu não me encaixo em nenhum dos casos, é melhor não ter?
Convido, então, você para uma conversa além de números.
Toda decisão que tomamos acerca da nossa vida financeira não deve ser baseada apenas em números. A melhor opção para nossa realidade nem sempre é a melhor opção financeira.
Claro que o ideal é que você tenha uma carteira diversificada de investimentos. Mas sabemos que essa não é a realidade de muitas pessoas, que não foram educadas financeiramente ou que ainda não entendem muito sobre investimentos.
O que eu quero dizer é que ter dinheiro na poupança é melhor que não ter dinheiro nenhum investido. Ter previdência privada é melhor do que só contar com a previdência pública (o INSS).
Se você pensa em fazer, pois não quer depender do governo para se aposentar, parabéns! Vá em frente. Você terá uma aposentadoria melhor do que a maioria das pessoas. Mas não pare por aí. Continue aprendendo sobre investimentos e, aos poucos, vá aumentado sua carteira e tomando decisões que também seja a melhor opção financeira.
Fez sentido para você? Escreva aqui nos comentários e, se tiver dúvidas, me conta, que respondo todas.